A PEDAGOGIA DO AMOR

O estilo em que Murialdo viveu seu apostolado educativo no meio dos jovens pobres se inspira nos valores da pedagogia cristã, e é também uma resposta às solicitações que provém do ambiente em que vive; está enraizado não só nas qualidades de seu coração e de sua mente, mas se alimenta também de sua experiência interior.

Por isso sua espiritualidade (a descoberta do amor pessoal e misericordioso de Deus) alimenta não só a sua oração e a sua vida de sacerdote e religioso, mas constitui também o cerne de seu estilo educativo, ilumina os objetivos e clarifica os métodos da sua atividade no meio dos jovens. Nele, espiritualidade e pedagogia interagem e se enriquecem reciprocamente.

A PEDAGOGIA DO AMOR

Deus nos ama

A feliz descoberta da misericórdia de Deus, depois da crise da juventude em Savona, foi o centro ao redor do qual em seguida  ele teria aos poucos unificado sua experiência interior de toda a sua existência.

Muitos anos depois, no Testamento espiritual, ele relembra a sua  «conversão»: «em 1843, no meu regresso do colégio de Savona, verdadeiro filho pródigo, carregado de mil pecados, eu fui vos pedir perdão: – Pai, pequei contra o céu e contra vós; então, à minha oração abristes o vosso coração paterno, escutastes esta súplica e tomastes novamente posse  de uma alma destinada a ser vosso templo, mas que por longo tempo havia sido morada dos demônios. Oh! Como vossa misericórdia infinita se tornou então sensível!» (Testamento spirituale, p. 144, Ed. 2014).

A PEDAGOGIA DO AMOR

O abandono à Providência de Deus

A experiência da misericórdia de Deus tornou-se o núcleo central da sua espiritualidade.

Ciente de que era amado continuamente por Deus, de modo infinito, terno e, sobretudo, misericordioso, Murialdo se dedicou com todas as suas forças a responder ao amor «infinito» de Deus com um amor «infinito», isto é, com toda a sua pessoa. Esta é a tensão espiritual que o acompanhou por toda a sua vida e que se concretizou no abandono confiante à Divina Providência do Pai, na docilidade à sua vontade, na intensa oração, na penitência e na caridade ativa.

A PEDAGOGIA DO AMOR

A vontade de Deus

A convicção que Deus é amor pessoal, terno, infinito e sobretudo misericordeoso para cada um de nós levou Murialdo à certeza, não só mental mas existencial, que a vontade de Deus é o verdadeiro bem do homem: por isso a vontade de Deus deve ser procurada por mim, acolhida, e cumprida amorosamente.

Para ele, isto significou a aceitação amorosa e alegre dos caminhos que pouco a pouco Deus lhe mostrava, também se nem sempre eram segundo seus projetos, como: o peso da direção do Colégio dos Artiginelli, com suas dificuldades internas e econômicas, a fundação da Congregação de São José, a abertura de novas atividades e novas casas, os lutos familiares e as doenças que minavam sua saúde.

A PEDAGOGIA DO AMOR

A humildade e a caridade como São José

O abandono à Providência se caracterizou por uma procura ativa, mas sempre obediente, como resposta amorosa ao amor de Deus mediante o apostolado entre os jovens, a oração, o espírito de penitência e de mortificação, a humildade da vida oculta, a exemplo de São José e da Sagrada Família.

A PEDAGOGIA DO AMOR

Maria, medianeira e mãe de misericórdia

O segundo desejo confiado por São Leonardo Murialdo à Congregação é que se difunda a devoção a Nossa Senhora Medianeira de graça.

A função materna de Maria mostra a eficácia da salvação que Jesus nos alcançou. A devoção de Murialdo a Nossa Senhora deve ser interpretada à luz do Testamento espiritual: Maria é medianeira de graça porque é «mãe de misericórdia» (Scritti, VI, p. 241; cf. p. 200).
Os dois desejos que Murialdo deixa como legado a seus filhos estão ligados mutuamente pelo elo da misericórdia: Deus é misericordioso e a Virgem intercede porque é misericordiosa (cf. Scritti, IV, p. 31).

A PEDAGOGIA DO AMOR

Os últimos

Os destinatários da obra educativa de São Leonardo Murialdo são os meninos e os jovens das classes populares, sobretudo, os «pobres, órfãos ou apenas carentes de educação»: «Pobres e abandonados: eis os dois requisitos que constituem um jovem como um dos nossos, e quanto amais pobre e abandonado, tanto mais é dos nossos» (Scritti, V, p. 6).

Os objetivos da ação educativa são a formação moral, cívica e religiosa. Precisa trabalhar para que os jovens sejam «honestos cidadãos, trabalhadores e eficientes operários, sinceros e virtuosos cristãos» (Scritti, X, p. 119). Murialdo sublinhava com ênfase a finalidade religiosa (ou como se dezia então, «salvação das almas»), compendiada num refrão a ele tão caro: ne perdantur, que não se percam (Epistolario, V, 2156 e 2187).
O método e o estilo era o de ficar no meio dos meninos, «tornando-se amigo, irmão e pai de cada um deles» (espírito de família).